Olhei mais uma vez para folha em branco, e
então tive a certeza de que você era o culpado. Sabe por que? Não sobra tempo
para inspiração, quando o cara que a gente ama existe de verdade, fora da nossa
própria imaginação.
Prometi que aquela seria a última vez que tentaria te
fazer entender. Mesmo burlando todas as minhas próprias leis, já escritas em
pelo menos um milhão de textos com títulos diferentes e conclusões parecidas,
eu tentei. Acho injusto desistir de um amor por preguiça ou falta de tempo.
Sempre achei que estar apaixonado por alguém era como um daqueles remédios que
o médico receita pra tudo ficar bem, quando nada mais funciona.
Sei lá. Na última vez que nos vimos as coisas estavam
estranhas. Nada de coração na boca, olho no olho e todas aquelas coisas,
que antes de você, eu jurava só existirem nas comédias românticas que minha
irmã aluga todo final de semana. Não quero acreditar que nós dois somos
mais um daqueles casais que chegam ao fim antes mesmo do começo. É uma pena.
Em épocas como essa que vivemos, onde um final feliz
quase sempre só dura um final de semana, eu me sentia especial por ter você.
É um saco não achar graça nas baladas e em grande parte das coisas que as
garotas da minha idade fazem questão de falar o tempo todo.
Ah, se você soubesse… Eu me senti tão menos sozinha
quando te vi pela primeira vez. Jogado naquele sofá da festa do Bernardo,
enquanto todos os outros garotos, só para tentar impressionar e parecer mais
velhos, dançavam de uma maneira bizarra uma música qualquer em versão
remix. Claro, com um copo de alguma bebida na mão e um cigarro no
bolso. Você vestia xadrez, usava óculos e ficava olhando o céu da janela.
Só depois fiquei sabendo da sua paixão por astrologia. E só depois você
descobriu minha tatuagem de Saturno.
Lembra quando todo mundo dizia que um dia a gente deveria
ficar junto?
Às vezes, queria acreditar que esse dia ainda não
acabou. Então, se quer saber de mim, liga. Escreve. Pega o primeiro ônibus
e bate na minha porta sem avisar. Mas vê se não espera o destino te colocar de
novo na minha frente. Talvez, quando isso acontecer de novo, alguém já vai
estar do meu lado. E isso será um final feliz. O meu.
Por Bruna Vieira
0 comentários:
Postar um comentário