Bom, quando eu digo “namoro à distância”, quero dizer
distância mesmo. Uns bairros ou até mesmo na cidade vizinha há vinte minutos
não conta.
Se qualquer relacionamento já é por si só, complicado,
imagine se relacionar com uma pessoa que não está fisicamente perto de você. É
complicado. Nesse tipo de relacionamento, tudo se potencializa: os ciúmes são
maiores, a saudade é maior (lógico), as discussões bobas, enfim, tudo se
potencializa pelo simples fato de não ter a pessoa ali do seu lado. Vou tentar
falar sobre pontos específicos, se faltar algum, cartas pra redação.
Ausência
Parece óbvio, mas não é. No início você acha que vai ser
fácil, afinal, você nem via a sua ex todo dia e não morria por isso. Mas quando
você percebe que você não vai poder ver a sua namorada nem se você quiser, aí
ferrou. Você tem um boteco com os amigos, ela não vai; aniversário, batizado,
churrasco, nada dela ir também; cinema, teatro ou jantar, só em raras ocasiões,
e isso se você der a sorte que eu não dei de ter uma sogra que entenda a
saudade que vocês sentem um do outro. No começo é legal, dá saudade, mas depois
fica complicado não poder contar com a pessoa que você ama do seu lado quando
você precisar.
Nesse caso o melhor a se fazer é arrumar uma maneira de
não se sentir tão longe da outra pessoa: internet, SMS, telefone (se não for
muito caro), enfim, uma maneira de, pelo menos de algum modo, ter a pessoa um
pouco mais dentro da sua vida. E um ponto importante aqui: caso você seja uma
pedra de gelo e goste de ver a outra pessoa só uma vez por semana, nunca,
jamais, diga que não entende como ela pode ter tanta saudade. Ninguém é
obrigado a se sentir como você se sente.
Ciúmes
Bom, aqui o bicho começa a pegar. Namorando alguém que
more longe você vai conhecer seu verdadeiro ‘eu’. Se você não é ciumento, vai
ficar. Se é um pouco, vai piorar. Se é muito, camarada, ta fudido, vai virar um
monstro. É muito mais fácil confiar quando você poderia esbarrar com a outra
pessoa em uma esquina a qualquer momento. É muito fácil não ter ciúmes dos
amigos dela quando você os conhece, e os vê até com certa frequência. Agora,
não ter ciúmes quando a outra pessoa sai com os amigos ou algo que o valha a
centenas de quilômetros da sua casa é outra estória.
Pro seu namoro não virar um inferno, tente se controlar.
Tente entender que não há nada que se possa fazer, senão vocês vão virar dois
parasitas que só ficam dentro de casa. Tente contornar, tente conhecer as
pessoas que a cercam. Quando ela sair, se distraia: jogue videogame, trabalhe,
saia também, sei lá, dá seu jeito. Ou então passe a noite aqui no blog lendo,
você não vai se arrepender. Uma coisa que se deve evitar de qualquer maneira é
fazer ciúmes de propósito. Acredite em mim: não vai passar tão rápido. Não
piore uma coisa que já é complicada. Faça o máximo para tentar amenizar os
ciúmes da sua namorada. E os seus, claro.
Insegurança
Rapaz, esse é um ponto chave pro assunto. Não to falando
de insegurançazinha boba de adolescente. To falando de insegurança real,
baseada em fatos reais e levando-se em conta a situação como um todo. Todo
mundo gosta de ter alguém por perto, inclusive a sua namorada. O perigo aqui é
se tornar paranoico com a ideia de que a qualquer momento ela vai se envolver
com alguém que esteja por perto. Isso pode acontecer? Claro, como poderia se
ela morasse na casa do lado da sua. Poder acontecer pode, mas você não precisa
ficar pensando nisso o tempo todo.
A solução nesse caso é, pra sua insegurança, primeiro
relaxar. Não adianta ficar pensando nisso, porque se tiver que acontecer, vai
acontecer independente de você pensar nisso ou não. Tente fazer com o que o
pouco tempo que vocês passam juntos seja prazeroso, e tente minimizar as brigas
e discussões bobas, pra depois não ficar pensando besteira por aí, achando que
ela vai te trair ou arrumar outro só porque vocês brigaram. E claro, torcer pra
que ela seja madura o suficiente pra perceber que vocês se amam e que vai valer
a pena depois segurar as pontas agora.
Quanto à parte dela, faça o máximo pra que ela se sinta
segura, e perceba que se você ta com ela nessas circunstâncias, não é à toa.
Não fique falando das suas amigas mulheres o tempo todo pra que ela não se sinta
menos importante. Dê atenção a ela e mostre que você está ali sempre que ela
precisar, ainda que longe. Não se esconda dela pra atender ao telefone nem
“esqueça” de contar detalhes, como dizer que a sua amiga estava no bar com
vocês também ou que sua ex te ligou pedindo um favor. Mesmo que você seja
esquecido e retardado como eu, esses deslizes podem fazê-la pensar que você
tinha motivos pra “esquecer” de contar isso.
Sexo
Bem, esse ponto é bem complicado. Se você não for casado,
nem for o Zé Mayer, o Chico Buarque ou não viva disso, provavelmente você não
faz sexo todos os dias. Então, se você consegue ver sua namorada e, digamos,
saciar essa loucura, dentro de ti, um peixe, para enfeitar de corais sua
cintura e fazer borbulhas de amor à luz da lua, pelo menos uma vez por semana,
não dá pra morrer. Mas se a frequência é menor o bicho pega. No começo você
acha que é até melhor, tamanho fogo de vocês quando se veem. Mas depois de um
tempo, até catalogo de roupa de inverno vai fazer você levantar a mesa sem usar
as mãos, com o perdão da expressão feia.
Pior ainda se a sua namorada for muito mais nova e não
puder vir te ver. Aí, camarada, recomendo muitos banhos frios e um hobby que te
ocupe bastante o tempo, como aprender a tocar um instrumento ou… Tá bom, aprender
a tocar um instrumento não foi uma boa ideia. Tente não pensar muito nisso, e
não ficar contando os dias para a próxima vez. Eu sei – e como sei – que é
difícil, mas há de se tentar. E todo dia antes de dormir assista algum bom
documentário sobre a Antártida, formigas ou desertos. Mas se os camelos
começarem a rebolar muito, desligue a TV e vá dormir. Infelizmente, não
encontrei nada que funcione nesse caso. A quem encontrar ofereço minha eterna
gratidão, alem de um polpudo cheque como agradecimento.
Fonte: Entenda Os Homens
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