“Algumas
mulheres são mais carinhosas, outras são mais fogosas. Infelizmente, nem sempre
elas são amorosas. Mesmo assim, eu busco a essência de cada mulher, gosto da
delicadeza feminina, o toque, o cheiro... Procuro evidenciar a particularidade
de cada mulher, busco enxergar os pequenos detalhes. Dessa maneira eu apreendi
que cada mulher é um “tipo” de mulher, cada mulher é dona de uma alma singular.
E cada uma dessas almas se encaixam de alguma maneira na minha vida. Enfim,
acredito que todas as mulheres possuem um objetivo em comum: cada uma delas
querem pelo menos uma vez na vida ser desejadas, amadas de forma plena e
verdadeira.” (I.C.F)
Não lembro muito bem os acontecimentos
da noite em que eu te conheci. Somente fragmentos ressurgem na minha memória. Tudo
aconteceu tão naturalmente, que eu não me preocupei com nada, além de te
sentir. Eu estava tomando uma cerveja, quando começou a tocar a música Titanium
do David Guetta com a Sia. No mesmo instante, você entrou na pista de dança. Lembro-me
do seu vestido preto, curto, colado o suficiente para evidenciar todas as suas
belas curvas. [...] O movimento do seu corpo chamou a minha atenção
imediatamente, o que me fez pensar: – Garota, espero que você esteja procurando
problemas, pois acabará encontrando alguém perigosamente disposta a lhe
oferecer. Poderia te observar durante a
noite inteira, observar a maneira poderosa que o seu corpo se contorcia, a
delicadeza na sua expressão. O seu rebolado dizia que você sabia perfeitamente
o que estava fazendo, tinha consciência do efeito que estava causando, não
só em mim, mas em todos os olhares atentos direcionados a você. [...]
A minha intenção era simplesmente te
observar, rogando para que a sua dança durasse a noite inteira, pois ela
transmitia uma mensagem que eu estava precisando. Os seus movimentos exibiam
uma liberdade que eu almejava, Se você não estivesse dançando pra mim, daquela
forma, a minha noite teria sido mais fácil. Pois quando eu saí de casa não imaginei
que iria encontrar alguém, muito menos você. Não planejei fazer nada do que acabei
fazendo depois que você se aproximou do balcão e pediu uma dose de tequila. Não
resisti, sorrindo timidamente eu balbuciei:
– Parabéns, ótima dança! Você me encarou de
maneira curiosa e com uma expressão interrogativa se aproximou um pouco mais de
mim e respondeu:
– Ah... Quanta gentileza sua, muito
obrigada!
– É impressionante como o seu corpo desliza
facilmente nesse clube lotado. Desabafei com entusiasmo. Demorou alguns
segundos para você processar o meu segundo elogio, por fim, respondeu sorrindo:
– Obrigada novamente. Posso lhe oferecer uma
bebida?
Nesse instante parei de beber a minha
cerveja para me concentrar em você. Te observei por um tempo, te avaliei
indiscretamente e respondi:
– Não, não posso aceitar a bebida de alguém
que acabou de dá um show, tornando esse ambiente mil vezes melhor, mas adoraria
lhe oferecer uma bebida como sinônimo de agradecimento em nome de todos que aqui
se encontram. Sua expressão dessa vez foi gentil, ao mesmo tempo misteriosa.
–
Então, o que você irá beber? Perguntei entusiasmada.
– Permanecerei com a tequila, preciso
ficar animada. Respondeu pensativa.
– Dia difícil? Perguntei com uma real
preocupação.
– Não, vida difícil! Respondeu
chateada.
– Sinto muito. Eu realmente sentia, mas
por falta de palavras melhores capazes de demonstrar o meu incômodo falo apenas
“sinto muito”.
– Eu também sinto. Sinto que fui uma idiota, por
isso, preciso dançar. Mas, o que você faz aqui?
– Hum... Acho que eu preciso dançar
também. Mexer o meu corpo de uma maneira que me faça esquecer os problemas.
–
Quer dançar? O seu convite era sincero.
– Com você? Minha voz soou
estrangulada;
– Sim, comigo! Algum problema? Questionou
desafiadora.
– Não. Nenhum problema. Adoraria dançar com
você.
Rapidamente você me arrastou para pista
de dança, comecei a me movimentar inseguramente ao som de We Can't Stop da
Miley Cyrus, até que as coisas entre nós começaram a ganhar um ritmo diferente.
Nossos movimentos se completavam, o balanço do seu corpo se alinhava com o meu,
como se estivéssemos ensaiando essa coreografia por um longo tempo. A música
estava acabando, mas eu só conseguia pensar em como você estava transformando a
minha noite em um inferno. A maneira como me olhava queimava a minha pele, como
uma febre de 40 graus. O meu corpo reagia a você, convulsionava de desejo pelo
seu corpo.
Paracetamol, Dipirona, Ibuprofeno,
Aspirina ou Tylenol não iriam mascarar os sintomas que estavam causando essa
febre. Eu precisava de você, não sei se apenas por uma noite ou se para minha
vida inteira. Não fiz planos, nem promessas, simplesmente quis você.
Estava perdida na minha complexidade
mental quando o DJ Tuca decidiu celebrar os cinco anos da música Give It To Me
do Timbaland em parceria com a Nelly Furtado e o Justin Timberlake. Gritei de
empolgação, você também estava animada e disse:
– Eu amo essa música.
– Você é realmente uma caixa de
surpresas. Falei com a respiração entrecortada.
– Não, eu sou a Caixa de Pandora!
Percebi que estávamos compartilhando
algo especial, consegui sentir toda aquela química solta no ar. Fechei os meus
olhos com intuito de esquecer os últimos acontecimentos. Precisava esquecer a
traição do meu ex, a minha raiva, humilhação e infelicidade. Mas fui surpreendida
ao sentir a sua quente respiração no meu ouvido, porém foi a sua pergunta que
realmente me surpreendeu:
– Quer abrir? Perguntou como se
estivesse me oferecendo uma caixa de chocolate.
– Abri o quê? Precisava ter certeza de qual
era o teor da conversa.
– Pandora. Sua expressão continuava sendo a de
alguém que estava oferecendo chocolates.
Te olhei boquiaberta. Pensativa, quem
recusa doces? Quem oferece doces? Interrompi meu devaneio e respondi; – Eu sou
hétero, não fico com mulheres. A minha resposta não lhe ofendeu, sequer lhe
incomodou.
– Relaxa garota, não estou lhe pedindo em
casamento, quero apenas um beijo.
Intencionalmente eu rezava mentalmente:
Beije-me, beije-me, beije-me. Por favor, me dê um beijo, pois, nenhum remédio
para febre irá diminuir a minha temperatura.
– Eu não sei o seu nome. Os meus princípios
não permitem que eu beije uma pessoa desconhecida. Falei na tentativa de ganhar
um tempo para pensar...
– Isa, meu nome é Isa. E estou louca de
vontade de você. Posso te beijar agora?
Precisava organizar os meus
pensamentos, afinal, como poderia responder a essa pergunta? Sim ou não? Ela
deveria me beijar? Eu deveria querer ser beijada por uma mulher? Mal terminei as
minhas especulações, quando os meus lábios se abriram proferindo um desajeitado:
– Sim!
Não demorou sequer um minuto para que
eu sentisse os seus lábios nos meus. Suave, macio, quente, delicado e faminto. Faminto
por mais, por mim. Fazia bastante tempo que eu não sentia tamanho desejo
direcionado a mim. Eu era a água para a sua sede. Esse pensamento me deixava
com água na boca.
O desajeitado beijo foi ganhando
proporções desmedidas... Em um piscar de olhos suas mãos estavam por toda
parte. Inicialmente pude senti-la na minha nuca, logo depois nos meus seios, na
minha bunda. Eu precisava de mais, precisava sentir o seu toque lá, na parte
mais intima do meu corpo. Essa necessidade fez com que as nossas roupas se
tornassem um empecilho. As pessoas ao nosso redor eram telespectadores
indesejáveis do meu desejo, da minha loucura. Logo percebi que eu precisava de
privacidade, porque eu queria muito mais que só um beijo. Interrompi
abruptamente o beijo e perguntei:
– Minha casa ou a sua?
–
Sua casa. Não quero que você fuja silenciosamente durante a madrugada.
– Além de me levar pra cama também está preocupada
com a minha permanência nela? Quanto cavalheirismo. Respondi zombeteira.
– O que eu posso fazer? Sou boa quando o
assunto é mulher. Sei como mantê-las ocupadas e satisfeitas. Respondeu com
pouca modéstia.
– Isso é o quê? Alguma espécie de promessa?
– Não, isso é uma certeza!
– Ok. Então você irá me fazer implorar?
– Senhorita, antes dessa noite acabar você
estará implorando...
Não sei exatamente o que aconteceu depois
disso, pois a minha mente estava sobrecarregada. Lembro-me da sua sexy lingerie
em um tom “vermelho pimenta”. Lembro-me dos meus gritos, gemidos, e os
múltiplos orgasmos. Lembro-me do sol nascendo e aquecendo o meu rosto, do beijo
de bom dia, do sexo que fizemos por causa desse beijo... Tomamos café da manhã
juntas, assistimos algum programa bobo sobre culinária que estava passando na
televisão, mas não prestei muita atenção, pois estava assistindo você... O seu
sorriso discreto, a forma como você interagia com o chef de cozinha. Como
discordava dos ingredientes, da receita em si. Você despertou em mim uma tara por
você, pela sua paixão. Por essa paixão que você transmite ao me olhar, ou
quando você descreve algo que realmente lhe empolga.
Inspiração:
I.C.F
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