Confesso que não sabia como denominar aquele
sentimento, seria amor ou interesse sexual? Não soube na época, temo que
continuo sem saber, apenas sei com total convicção que aquela atração era
inusitada e constante. Porém, mantive o meu desejo silenciado durante um ano
inteiro. No entanto, ao completar 16 anos decidi ingressar em um grupo de
teatro. Meu sonho naquela época era ser ator, mas não aconteceu. Através do
grupo de teatro conheci a primeira pessoa assumidamente gay, o primogênito,
estabelecer contado se tornou um misto de curiosidade e empolgação. Por causa
dele, compreendi o que é a homossexualidade, pois, ele era professor, ator, gay
e uma pessoa extremamente carismática e normal. Fiquei extasiado ao perceber
que não existia nada de errado, (anormal), em ser gay, antes dele o preconceito
que a mim fora imposto me colocava à margem da normalidade e do correto.
Mesmo diante de toda aquela empolgação continuei
receoso e contido. Passei os próximos 365 dias ignorando o fato de que eu era
homossexual, eu sabia, mas não estava pronto para falar, ainda. Quando completei 17 anos, o meu melhor amigo
me presenteou com a revelação de que era gay. Creio que ele não desconfiava que
eu era gay também, por isso, acreditava que eu ficaria chocado. E realmente eu
fiquei, pois, não imaginei essa possibilidade, no entanto, optei por guardar o
meu choque apenas para mim, não demonstrei nenhuma reação alarmada. Na verdade,
por dentro estava contente, aquele seria um passo importante para mim, tê-lo
como exemplo e alicerce. Através dos olhos do meu melhor amigo comecei a
enxergar e compreender minimamente o mundo que nos rodeava.
Recentemente percebi que eu sempre soube a existência dessa possibilidade. Não premeditei, apenas aconteceu, porque era para acontecer. Mas, no início não conseguia entender o que estava acontecendo, por isso, por algum tempo simplesmente ignorava, não aceitava. Tudo aconteceu gradativamente... Quando eu tinha 15 anos comecei a achar um rapaz da escola muito interessante, interessante demais. Não conseguia parar de olhá-lo e até sonhava com ele, mas, reprimia esse interesse, tentava mantê-lo o mais longe possível dos meus pensamentos. Procurava manter minha mente ocupada e a minha atração contida.
Certo dia, (devido a sua timidez), resolvi
ajudá-lo a conquistar um carinha por quem há algum tempo ele andava suspirando.
A situação foi bastante embaraçosa e engraçada. Nesse mesmo ano, após a missão
cupido, cogitei a possibilidade de ser bissexual. Durante dois longos anos me
agarrei a essa possibilidade. Afinal, ainda não havia ficado com ninguém do
mesmo sexo. Permaneci ficando apenas com meninas e quase namorei uma. Eis que
no auge dos meus 19 anos eu estava afim de uma menina que fazia o curso de
teatro comigo e ela também estava super afim de mim. Iríamos participar de um
festival de teatro em uma cidade vizinha, e lá eu pretendia ficar com ela,
porém uma semana antes do festival ele apareceu e alterou todos os meus planos.
Estava acontecendo na cidade vizinha um Festival
de Teatro e o grupo do qual eu fazia parte iria se apresentar. Pretendia ficar
com ela durante esse festival, porém, uma semana antes do festival o cara
misterioso com quem eu mantinha uma relação exclusivamente virtual decidiu
aparecer. Diariamente nós conversávamos pelo MSN, ele me deixava louco, o meu
desejo era tão grande que não conseguia tirá-lo do meu pensamento. Acabei me
apaixonando por aquele ilustre desconhecido sem nunca sequer ter visto uma foto
sua. Eu não sabia quem ele era, mesmo assim, durante a viagem não conseguir
ficar com a Simone. Ela reagiu super mal a minha negação perante as suas
investidas, por isso, expliquei que não conseguia ficar com ela, pois, estava
interessado em outra pessoa, um homem.
Compartilhar com ela a minha possível
homossexualidade foi libertador, apesar dela não ter se sentido melhor com a
minha revelação. Depois que ela compreendeu que não se tratava dela, mas sim de
mim, ela me deu força, me estimulou a saciar o meu desejo. Talvez por causa
disso, após retornamos para cidade, decidi conversar com o misterioso cara do
MSN, marcamos um encontro para finalmente nos conhecermos. Ele era um rapaz
alto, dono de grandes olhos verdes e tímido. Durante esse encontro conversamos
bastante e por fim quase nos beijamos, porém, o primeiro beijo só aconteceu
após três maravilhosos encontros. O primeiro beijo foi bom, no entanto, foi
muito estranho, pois, eu estava nervoso, não sabia o que fazer com as minhas mãos.
Aquele foi o melhor beijo da minha vida, eu
estava no meu limite após três encontros sem nada acontecer, nunca havíamos nos
tocado, aquela relação estava se tornando uma amizade. E essa possibilidade me
deixou apavorado, pois, não iria entrar para “friendzone”, (zona de amizade). E
então em um momento estávamos ali sentados naquele banco encarando um para o
outro, conversando tranquilamente e no momento seguinte em um misto de desespero
e fome eu o agarrei pelo colarinho e o puxei para um beijo, imagino que
aproximadamente quinhentas pessoas estavam transitando por aquela praça, mas o
beijo era tão incrível que não nos preocupamos, só depois que separamos nossos
lábios ficamos bastante apreensivos, afinal nós estávamos nos agarrando em uma
praça pública como dois adolescentes apaixonados. Mas, realmente estávamos
perdidamente apaixonados e o segundo beijo foi ainda mais perfeito.
Depois desses encontros começamos a namorar, (tudo
aconteceu muito rápido ente nós), estávamos em sintonia e tudo foi acontecendo
naturalmente. Tínhamos urgência, fome um do outro. Nossa história quase rendeu
um livro de romance, mas, definitivamente esse livro não teria um final feliz.
O nosso relacionamento acabou muito rápido, (com a mesma rapidez que começou),
eu não estava pronto para ficar longe dele, porém, nós tínhamos sido o primeiro
um do outro e ele queria saber o que a vida reservava para ele. Ele colocou um
fim na nossa história, pois, a sua necessidade de se descobrir, de conhecer
outros caras e adquirir outras experiências era maior que um relacionamento monogâmico.
No início fiquei arrasado com o nosso término, sofri
para caralho, mas conheci outro cara, que a princípio eu odiava, a gente
começou a ficar, percebi que ele não estava pronto para nenhum tipo de
relacionamento fechado, por isso, assumimos uma amizade colorida. Éramos
"amigos com benefícios", sem nenhuma cobrança emocional, meu coração
não acelerava por ele como acontecia com o André, mesmo assim, foi bom enquanto
durou. Nós nos separamos algum tempo depois, mas a experiência foi fundamental
para que eu compreendesse que o ‘meu’ cara misterioso do MSN quis experimentar
e me sentir aliviado por ele não ter ficado preso em uma relação que, (em longo
prazo), o faria infeliz.
No aguardo desta continuação. Rs
ResponderExcluirProntinho, o texto está completo, rs
ExcluirEspero que goste.