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E quando falta amor?

Estava pensando quando exatamente eu comecei a me amar, me amar de verdade, incondicionalmente, sabe? Hoje parece fácil essa coisa de me olhar no espelho e amar o reflexo presente ali, mas nem sempre foi tão fácil ou simples. Em algum momento eu aprendi a me amar, me amar de verdade sem todas aquelas críticas destrutivas e cruéis. Mas já me odiei, odiei o fato de eu ser gorda, de eu ser preterida e até mesmo de ser sempre a cupido, nunca a garota escolhida, desejada.


Eu gostaria de poder dizer que com o tempo isso passa, essa falta de amor-próprio some, porém, não é verdade. Não foi o passar do tempo que me ensinou a me amar. Não mesmo, com o passar do tempo isso só piorou, eu me isolei das pessoas, do mundo em si. Destinei meu tempo a coisas que prendiam a minha atenção, escrever, por exemplo.

Um dia eu me apaixonei, – Creio que isso era inevitável –, e me comportei como todas as meninas ao meu redor, nada muito espetacular (mas não foi a melhor experiência da minha vida). Aprendi bastante com essa paixão, lições preciosas sobre amar a si mesma e sobre abrir mão do amor-próprio em nome do relacionamento. Por isso, atualmente ao questionar o que as pessoas estão procurando em um relacionamento não fico muito surpresa ao ouvir que não é amor o que elas buscam.

Confesso que quando me apaixonei estava buscando o amor, não era o melhor amor o que eu quis, era algo idealizado e possessivo., mesmo assim, acreditava que era o melhor amor que eu poderia ter. Atualmente as pessoas falam em ter alguém com quem compartilhar bons momentos, falam sobre carinho, troca de afeto e companhia, mas optam por não falar sobre o amor.

Ouço as pessoas falando incessantemente sobre ter alguém não para amar, mas basicamente só sobre ter alguém, porque estar só parece horrível, quase insuportável. Ter alguém se tornou uma meta de vida, uma perspectiva para adquirir o tão sonhado sucesso. Mas não é sobre amar alguém, é sobre ter como se o outro fosse um objeto de posse.

E para ter esse tão esperado alguém é natural fazermos ajustes, concessões, abrir mão de algumas coisas. E nesse processo de abrir mão de algumas pequenas coisas nós deixamos de ir para inúmeros eventos porque a outra pessoa não pode ir (ou não quer ir). Nós deixamos de assistir determinados filmes e séries porque a outra pessoa não gosta ou prefere outra coisa, deixamos de usar determinada roupa (Como um simples vestido azul) porque para a outra pessoa é aquela roupa é inadequada causando desconforto sempre que usamos.


Em prol de ter alguém diminuímos nosso próprio ritmo, mudamos de canal e abrimos mão de coisas básicas, supostamente banais. Até que percebemos o quanto paramos de fazer coisas banais e passamos a nos comportar em prol dos caprichos alheios. Desistimos de iniciar uma discussão, mudamos de assunto, nos silenciamos diante de um problema e ignoramos qualquer desconforto em prol de ter alguém.


Começamos a nos comportar com base no que é bom para o relacionamento. Nós nos acostumamos a temer uma ligação perdida e aquela visualização sem resposta, ficamos com medo de uma possível “DR”, da briga e do sermão e por fim do término iminente e tudo isso não é porque amamos a outra pessoa, é só pelo comodismo, pelo hábito de tê-la ou por medo do fracasso que a sociedade propaga sobre estar só. Nós nos comportamos porque queremos ter alguém mesmo que esse alguém não nos queira do jeito que somos.

1 comentários:

  1. Nossa, acho que todas nós já vivemos um relacionamento assim né? O bom mesmo é dizer eu me basto por mim só. É libertador! !!!!!

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