Venho encarando o cursor piscando na página em branco do meu bloco de notas por várias semanas, aliás, vários meses. A verdade é que eu estava com muito medo de voltar a escrever. Estava com medo por saber quão desagradável e afiada a minha escrita tende a ser. Ela é dolorosa, sabe? Além de ser extremamente sincera e isso nem sempre é algo bom. Mas, venho pensado muito em você ultimamente, venho pensando nas nossas inúmeras conversas e o motivo pelo qual eu ainda não consegui escrever sobre você aqui. Há algum tempo eu costumo dizer que eu deveria vir com uma sinalização de segurança, grifada em Caps Lock (caixa alta) e Cores Néon, sinalizando: “ — Cuidado, Alta Voltagem”, até conhecer você. Na verdade, mesmo após conhecer você eu continuo acreditando que eu deveria andar por aí com a minha plaquinha preventiva, no entanto, você deveria sair por aí expondo a sua plaquinha também, você deveria sair por aí com o aviso: "Cuidado, frágil".
Preto,
quantas vezes eu irei conseguir quebrar o seu coração até você perceber que por
mais que eu tente ser cuidadosa jamais irei conseguir conter o vulcão que
habita meu íntimo? Quantas vezes iremos reavaliar todas as oportunidades que
nós dois não aproveitamos corretamente ou que deixamos passar despercebidas? Desculpa,
eu não queria magoar você, mas acabei fazendo disso meu hobby. Magoar você se
tornou minha atividade favorita e eu já nem sei o que fazer para quebrar esse
ciclo vicioso. E o problema é que não magoar você se tornou algo improvável para
mim. Não é que eu não me importe contigo. Sei que às vezes eu posso demonstrar uma
insensibilidade assustadora, porém, eu me importava com os seus sentimos. Para
ser sincera, eu ainda me importo e sinto a sua falta.
Mas
eu não te amo, aliás, eu acho que não te amo (mesmo sentindo a sua falta). Ainda
não sei direito se te amo ou não te amo, estou incerta quanto a isso. Gosto de
pensar que se eu te amasse eu saberia. No entanto, quando é que sabemos que
amamos a outra pessoa? Existe alguma espécie de teste para assegurar nossos
sentimentos? Questiono porque eu já amei antes e não foi nada parecido com o
que eu sinto agora, eu já amei antes e aquele sentimento não possui nenhuma
semelhança com o que eu sinto por você. Será que o que eu sinto por você é amor
ou será que o que eu senti anteriormente nunca foi amor? Estou confusa, incerta
e receosa.
Porque
sempre que eu penso em amor projeto em minha mente uma imagem de mim mesma
dançando no meio de uma sala (que não é a da minha casa) vestida com uma blusa
branca fofinha com estampa de gatinhos e uma calcinha igualmente branca, sem
estampas, e de algodão (poderia ser renda, né?). Ah, nessa projeção também
estou usando meias cinzas e rebolo ao som da Alicai Harley. Mentira, na realidade eu canto e pulo bem mais do que
rebolo. Enfim, não é algo sexy e caso você esteja imaginando algo sensual, saiba
que não é.
Eu
costumo ri muito sempre que visualizo essa cena por ser algo tão ingênuo e
bonito de visualizar. Só que sempre finalizo minha imaginação desanimada por
saber que todo o contexto parece inapropriado para mim, principalmente por
causa das meias (raramente uso meias). Essa projeção que o meu imaginário faz
sempre que eu penso no amor me faz pensar bastante em uma das nossas últimas
conversas. Tenho pensado, com desânimo, no quão eu, você, o amor e a minha projeção
do amor somos dispares. Estive pensando sobre o quão terrível eu posso ser e no
quão cuidadosa eu deveria ter sido, o tempo inteiro, para não ser terrível com
você (e eu falhei de maneira absurda nessa parte).
Outro
dia um amigo me disse que sou uma garota que adora looping (repetição automática de uma ocorrência; andar em círculos)
e a tática dele para driblar meu looping
é evitar esse meu péssimo hábito. Já a sua tática é me evitar constantemente
colocando em prática o seu próprio looping
que consiste em: se aproximar de mim, se machucar e me afastar em seguida. E eu
sei que você me afasta porque eu te assusto, (caramba, eu te apavoro).
Me
diga: Qual é a sensação de ter algo e ao mesmo tempo não ter? Porque nós dois
sabemos que você me tem, mas eu sou minha.
Também
costumo rir de mim, de você e da possibilidade de existir nós, mesmo quando as circunstâncias não são engraçadas. O problema
é que eu não consigo não rir do seu desespero ao tentar me proibir, me podar e me
controlar. Você nunca aprende que eu não funciono assim e isso me irrita. E é algo
tão óbvio que já deveríamos ter superado isso, né? A questão é bem simples:
Quanto mais nãos você me disser,
quanto mais desaprovações você me der mais questão eu farei de vivenciar tudo
que eu puder. E por causa da minha teimosia em aproveitar cada sim que a vida me
proporciona você acaba me bloqueando, tirando de mim qualquer possibilidade de
fazer parte da sua própria vida.
Preto, nós continuamos andando em círculos (looping),
já percebeu? Você sequer consegue lembrar o motivo da nossa última briga. E o
que me assusta é como eu sequer percebi que estávamos brigando... Lembro que
você me proibiu de escrever sobre você e eu simplesmente respondi: " — Não
funciono assim, irei escrever sobre o que eu quiser escrever e se eu quiser
escrever sobre você eu irei". Eu nem falei por birra ou teimosia, de fato,
não funciono dessa maneira. Cara, você não decide o que eu posso ou não fazer,
você não autoriza sobre quem eu posso ou não escrever. Entenda, comigo não
funciona assim. Você não tem nenhum controle, comigo você não é autoridade. E
sempre que você ousar mandar em mim eu irei te contrariar e por fim irei rir de
você.
Sorrio
porque a sua ingenuidade é engraçada demais. Você já considerou a possibilidade
de ter se apaixonado por uma mulher que você não irá conseguir controlar? Será
que você já considerou a possibilidade de estar apaixonado por uma mulher que
você sente medo? E somado ao medo está a sua fragilidade e falta de confiança
em mim.
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