(Ilustração: @isvobodart)
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Não lembro onde nem quando ouvi esse termo, mas lembro que o contexto se tratava de caras que não queriam mover um dedo para obter sexo. Pelo contrário, eles ficam esperando as mulheres ir até eles para satisfazê-los. E até aí tudo bem, né? A buceta é sua e você decide quem entra e quem sai. Esse texto não é uma crítica às mulheres, mas sim um desabafo. Eu nunca tinha pensando sobre esse termo ou no fato de que eu venho conhecendo vários caras que buscam "bucetas delivery". E por mais que eu ache o termo pejorativo não sei se eu seria capaz de encontrar melhor título para esse desabafo. Então, percebi que eu venho conhecendo inúmeros caras que não fazem o mínimo esforço para me ver, me conhecer, no entanto, eles sempre sugerem encontros em lugares mais reservados.
Vou compartilhar com vocês
algumas situações:
SITUAÇÃO 01: O cara estava
morando em Jequié, nos conhecemos através do tinder e, aparentemente, o
interesse era mútuo. Depois de algumas semanas conversando decidimos que seria
legal nos encontrarmos para bater um papo, trocar um abraço e, se ambos
estivessem com vontade, transar. Eu o convidei para vir me conhecer e ele
questionou se eu morava sozinha e se ele poderia ficar na minha casa. Eu disse
que não e que mesmo se eu morasse sozinha não traria um desconhecido para minha
casa. Ele ficou ofendido e por algum tempo parou de falar comigo. Em
determinado momento voltamos a nos falar e ele me convidou para ir até Jequié
conhecê-lo e eu disse que tudo bem. Durante os ajustes para minha ida sinalizei
que eu gostaria que ele fosse me encontrar na rodoviária, no entanto, ele disse
que não iria. Disse que iria me passar o endereço da casa dele e que eu poderia
pegar um táxi ir até lá sozinha, pois a rodoviária era muito longe da casa
dele.
SITUAÇÃO 02: Um cara me
adicionou aqui no facebook e começamos a conversar. Rolava um flerte saudável
entre a gente, até que um dia ele me convidou para ir conhecê-lo. Ele morava em
Conceição do Almeida (cidade vizinha) e eu disse para ele vir para SAJ (Santo
Antônio de Jesus, local onde moro), para almoçarmos ou ir ao cinema e nos
conhecermos. Ele disse que era melhor eu ir vê-lo e eu questionei o motivo
(fiquei curiosa). Segundo ele, se eu fosse conhecê-lo na casa da mãe dele (onde
ele morava) as chances de rolar sexo eram bem maiores do que ele vindo aqui
almoçar comigo. Inclusive me disse para ir vê-lo e levar camisinhas.
SITUAÇÃO 03: Deu Match!
Mas não deu mesmo, rs. Conheci o cara num aplicativo de relacionamento. Moramos
na mesma cidade e ele parecia ser legal (só parecia mesmo). Até que eu sugeri
de nos encontrarmos na Beijo Frio (uma sorveteira que eu costumo ir) e ele me
disse que era melhor eu ir para casa dele, que o sorvete dele era bem mais
saboroso (argh!). No dia seguinte ao meu convite (que ele recusou), ele postou
uma foto no stories do WhatsApp tomando sorvete na Beijo Frio.
Eu tenho várias outras
situações semelhantes para contar, mas vamos conversar somente analisando essas
três, ok?
Na primeira situação,
cheguei a sinalizar que seria menos desconfortável e mais seguro ele ir me
encontrar, falei das inúmeras possibilidades de me perder antes de conseguir
encontrar o endereço dele, falei sobre o risco de ser assaltada e/ou estuprada
no decorrer do caminho. No entanto, o cara me chamou de exagerada e disse que
eu estava fazendo drama. Por fim, eu desisti de ir conhecê-lo. Veja bem, eu
iria sair do conforto da minha casa, gastar dinheiro com passagem para ir ver
um cara que se recusou a ir me encontrar porque a rodoviária ficava longe demais
da casa dele.
Na situação dois, o cara
queria que eu fosse vê-lo na casa da mãe dele, (com a mãe dele estando em casa,
eu perguntei) e que levasse camisinhas para ele me foder. Sinceramente, nem
quando eu era uma adolescente eu tinha o hábito de ir para casa da mãe de
ninguém transar, cês acham que vou começar agora depois de adulta? Me poupe,
viu? Existe hotel, motel, pousada pra que mesmo? Optei por não conhecê-lo e não
me arrependo.
Precisamos mesmo falar da
situação três? Então, o cara não quer me conhecer. Ele quer sexo, quer que eu
vá até a casa dele, sem nunca tê-lo visto na vida, dar para ele. Não vai rolar,
prefiro ir tomar sorvete, lá na Beijo Frio, sozinha! Antes só do que mal
acompanhada, rs.
Como já disse, venho
conhecendo vários caras que buscam “bucetas delivery”. Caras que nunca querem
se encontrar em lugares públicos, caras que nunca se disponibilizam para nada,
aparentemente, nem para comprar camisinhas. Acredito que sexo é partilha, sendo
assim, não é obrigação do cara comprar camisinhas, não é obrigação do cara
pagar conta de motel sozinho, assim como, não é obrigação levar a mina para
sair e pagar sozinho tudo que ambos consumirem. No entanto, venho me deparando
com caras que não querem partilhar nada, nem a própria companhia. Sabe, eu
acredito que devido ao fato de nós mulheres, especialmente as feministas,
começarmos a adquirir maior independência e a correr atrás do que queremos os
caras começaram a se comportar como se devêssemos correr atrás deles e pagar
altíssimo para transar com eles. Porém, não vejo lógica nenhuma em transar com
um cara que fica esperando sentado a mina ir lá chupar o pau dele até ficar
duro o suficiente para ela sentar. Caras que, inúmeras vezes, se recusam a
chupar bucetas, caras que sequer são minimamente educados, caras que acham que
sexo é só penetração.
Caras que não precisam
fazer absolutamente nada, sabe? Não precisam transar bem, não precisam saber
chupar uma buceta (isso é importante), sequer precisam tratar a mina com
respeito e/ou decência. Conheço caras que mentem, traem, assediam, agridem,
estupram e, mesmo assim, basta um clique, uma ligação, uma mensagem grotesca em
qualquer rede de relacionamento para que alguma mina vá satisfazê-los. Como
isso é possível?
Manas, quem esses caras
estão pensando que eles são?
P.S.: Fico pensando se essas
situações são exclusividades minhas por ser negra e gorda. Afinal, tem cara que
acha que mulheres gordas devem agradecer quando alguém quer transar com elas.
Enfim, compartilhem comigo as situações pelas quais vocês já passaram e/ou
ainda passam.
(Texto originalmente
publicado no meu perfil do facebook em 26 de fevereiro de 2018)
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